Goytacaz volta à elite do Carioca após 25 anos
Sábado foi dia de maldade. Dia de o Goytacaz marcar aos 44 minutos do segundo tempo contra o arquirrival Americano, garantindo o retorno à elite do Carioca após 25 anos. Amanhã o clube ainda disputa a primeira partida da final da Segundona contra o América, mas difícil é conter a euforia de uma torcida que ajudou até a pagar o salário dos jogadores 13 dias antes do histórico confronto.
O churrasco beneficente na sede do clube, ao custo de R$ 20, deu direito não apenas a uma porção de carne com molho e farofa. Com os R$ 9.195,00 arrecadados, o clube pôde pagar, por exemplo, o salário de R$ 1 mil de Lukinha, cria da base e herói da classificação.
A festa ainda reverbera nas esquinas da cidade, mas virou um Carnaval no fim de semana diante de carreatas e ruas fechadas por torcida e jogadores. Após o jogo, os atletas saíram de Nova Friburgo direto para a Rua do Gás, na sede do Goyta, mas Lukinha mal conseguiu descer do ônibus: foi carregado de mão em mão como se fosse um troféu.
– Essa união me deixa arrepiado – contou o atacante de 20 anos, que até o ano passado fazia bicos de assistente de pedreiro em Travessão, distrito a 20 quilômetros do Centro de Campos. – A bola pegou meio no tornozelo, meio na canela. Foi o chute errado mais certo da minha vida.
Mais que isso, foi uma redenção além do futebol para a família Riscado Filho. Neto de um dos presidentes do clube nos anos 80, Betinho, 26 anos, preparava uma surpresa ao pai e ao irmão mais velho. Mas no fim do jogo, já sem esperanças, o grupo se dissipou. Até a canelada de Lukinha provocar o choro compulsivo de Betinho junto a uma camisa com o rosto do irmão do meio, Fábio, vítima de hipertensão pulmonar aos 26 anos durante a Copa do Mundo.
– Fábio foi apaixonado até o fim: deu camisas do Goyta aos médicos e foi enterrado com a bandeira. Não podia faltar àquele momento – lembrou. – Quando reencontrei meu pai e meu irmão, eles choravam embaixo da arquibancada. Quando nos viram, choramos mais ainda.
Aluízio de Freitas, 51, chorou deitado sobre a arquibancada, mas ganhou também um problema. Durante a comemoração madrugada adentro, recebeu uma mensagem da patroa.
– Ela disse: ‘não aguento mais, quando não está no trabalho está com o Goytacaz!’ – riu. – Mas ela me conheceu assim, ué. Minha única diversão é o Goyta.
Torcedor ilustre,